Deus criou o mundo e tudo mais que existe nele, para que não falte nada aquele que foi criado a Sua imagem e semelhança, ao qual também lhe foi confiado a zeladoria deste mundo, assim conforme a preocupação da Igreja com o bem comum, o homem é motivado a praticar a justiça e a caridade, para que todos os bens criados por Deus cheguem a todos. A partilha de bens, é uma forma desta prática da justiça e da caridade, com isso, não há
como não olharmos para o exemplo da Comunidade Primitiva.
“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum. Com grande coragem os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. Em todos eles era grande a graça. Nem havia entre eles nenhum necessitado, porque todos os que possuíam terras e casas vendiam-nas, e traziam o preço do que tinham vendido e depositavam-no aos pés dos apóstolos. Repartia-se então a cada um deles conforme a sua necessidade.” (At 4.32-35)
As comunidades de hoje devem ter este mesmo sentimento dos Apóstolos, a mesma coragem , o mesmo desejo, conduzir o povo a esperança, não havendo necessitados entre eles, provocando o desejo de viverem a “Koinonia”, ou seja, uma vida de comunhão fraterna.
A vivência que a comunidade primitiva nos apresenta é de abrir mão da posse exclusiva do que é meu, não sou eu que pertenço a minha riqueza, ao meu carro, minha conta bancária, não sou escravo do que tenho, mas sou livre até para colocar tudo que tenho em comum, em comum unidade, em comunidade. Aquele que é chamado a viver o carisma de uma comunidade deve estar com o coração aberto para viver, o ter sem ter, aberto para viver o desapego.
“…O trabalho é para o homem, e não o homem para o trabalho. Cada um deve poder tirar do trabalho os meios para sustentar-se, a si e aos seus, bem como para prestar serviço a Comunidade Humana”. (CIC 2428)
Na Comunidade Passio Domini, somos convidados a viver a partilha pela devolução do dízimo, de doações espontâneas ou a exemplo daqueles que são chamados à realidade de vida comum (Comunidade de Vida) que em forma de doação, se dedicam em tempo integral, às obras, nos diversos setores e missões da Comunidade.
Partilha de bens é muito mais que uma obrigação, responsabilidade ou compromisso com o outro, partilha de bens é um ato de gratidão, mas não a gratidão formal ou uma gratidão passiva, sem muita atenção, mas sim uma gratidão ativa, aquela que nos traz alegria do Amor, para nós, Passio Domini, a Alegria do Amor Incondicional, a Alegria da Paixão,para nos impulsionar a sermos, assim como os Apóstolos, chamados a dar testemunho de Jesus Vivo, para que sejam um só coração e uma só alma.
Miguel Blanco
Consagrado CCPD