Neste mês voltamos o nosso olhar para uma causa específica: a prevenção contra o suicídio. Todos os anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS ) neste mesmo mês, deixa acessível uma tabela de dados que indicam a quantidade de mortes por suicídio naquele ano, e uma possível previsão do ano conseguinte. É perceptível, que já á alguns anos a porcentagem permanece sempre crescendo, ou seja, mais pessoas têm cometido tal ato contra sua própria vida. O que leva cada um de nós, como cristãos, a nos questionar o porquê desse crescimento e o que podemos fazer quanto a isso. Pensando que a faixa etária mais afetada é entre os 15 e 29 anos, podemos retomar novamente com mais ardor a fala do Papa Francisco ainda no começo deste ano:
“Inúmeros jovens choram, sem que ninguém ouça o grito da sua alma. Muitas vezes, ao seu redor, o que há são olhares distraídos, indiferentes talvez mesmo de quem esteja a gozar os seus momentos felizes mantendo-se à larga.”
(Mensagem do Santo Padre Francisco para a XXXV Jornada Mundial da Juventude)
Como cristãos somos chamados a sermos Cirineu na vida do outro, a exemplo de Cristo que em toda sua Divindade permitiu que o Cirineu estivesse com Ele no caminho para o Calvário, para nos ensinar que, no caminho da cruz, precisamos ter alguém que nos ajude a suportar o peso e permanecer firme na caminhada.
Existe uma fragilidade emocional muito grande instaurada por parte da juventude, fragilidade essa que conquista seu espaço no inconsciente, através das grandes correntes e ideologias implantadas na humanidade, mascaradas de bons ideais. Essa instabilidade emocional, faz com que os sofrimentos da vida presente se configurem em sofrimento de uma vida, um desequilíbrio que tira o sentido de existência de tantos, todos os dias.
Precisamos destampar os nossos ouvidos para escutar a alma do jovem que grita e chora no silêncio, para que assim possamos apresentar Jesus a este jovem, Jesus que cura, que salva e que liberta. Veja bem, os sofrimentos fazem parte da vida, não há como torná-los invisíveis ou fingir que eles não mais acontecerão, porque acontecerão, é preciso formar nos nossos jovens a mentalidade de que o sofrimento não precisa ser aniquilador, mas pode ser formador e que ele nos amadurece para constituir bases sólidas o suficiente para a vida adulta. Deus não permite nada por acaso, Ele sempre tem um propósito, “a doença provoca uma busca de Deus, um retorno a Ele” CIC 1501 , portanto, é nossa função contribuir com esse olhar, enxergar nas pedras do caminho uma paisagem.
“Certas realidades da vida só se veem com os olhos limpos pelas lágrimas” (Christus vivit, 76) , como Cristo que na cruz se compadece do pecador, sentindo em sua própria pele o sofrimento humano de toda a humanidade, a fim de que sejamos salvos, assim devemos tratar a juventude que padece a encher-se de compaixão, e com os olhos limpos pelas lágrimas, enxergar a realidade não-visível do jovem, e junto dele carregar a cruz, ajudando-o a erguer o olhar e lembrando-o de que ele(a) não está sozinho(a), fazendo com que esse jovem experimente o amor incondicional de Deus através de você.
Todos somos totalmente capazes de tocar uma situação de morte e nela, gerar vida, pois a ressurreição vem somente após a cruz. Não tenha medo, não permita que a insegurança te barre, mas permita que a graça do Espírito Santo que habita em você te impulsione a alcançar os que estão ao seu redor e necessitam de você, não somente este mês, mas todos os dias.
Que possamos pedir a intercessão da Virgem Santíssima, mãe da Igreja e mãe da juventude, para que ela possa nos ensinar a sermos filhos atentos aos nossos irmãos e irmãs, sempre disponíveis para levantá-los como verdadeiros Cirineu’s.
“Queridos jovens, quais são as vossas paixões e os vossos sonhos? Fazei-os sobressair e, através deles, propondo ao mundo, à Igreja, a outros jovens, algo de belo no campo espiritual, artístico e social. Deixai que vo-lo repita na minha língua materna: hagan lìo – fazei-vos ouvir!”
(Mensagem do Santo Padre Francisco para a XXXV Jornada Mundial da Juventude )
Aline Pinheiro
Discipulado I