No domingo seguinte a maior festa da Igreja, a Páscoa de Nosso Senhor, celebramos a festa da Divina Misericórdia, um pedido especial de Jesus a mística polonesa Santa Faustina Kowalska.
“Desejo que a Festa de Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Nesse dia estão abertas as entranhas da minha Misericórdia. Derramo todo o mar de graças nas almas que se aproximarem da fonte da minha Misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e castigos. Nesse dia estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças… Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa. A humanidade não terá paz enquanto não se voltar à fonte da minha Misericórdia.” (Diário no.699).
A Semana Santa nos permite fazer memória de um feito grandioso de Deus: A nossa redenção. Um caminho onde relembramos que o próprio Deus entrega a sua vida por cada um de nós, e não existe outro motivo que tenha feito Jesus morrer pela humanidade que não fosse o seu amor, e o amor está intimamente ligado a misericórdia.
O apóstolo São Paulo diz aos romanos: “Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm 5,8). Qual experiência maior de misericórdia podemos esperar? Deus não esperou que fossemos santos ou merecedores, não, quando ainda estávamos mortos no pecado brilhou sobre as nossas vidas os raios da misericórdia do Senhor.
Não é por acaso que Jesus vai pedir esta festa logo após as celebrações do mistério da sua Paixão, Morte e Ressurreição. A festa da misericórdia é um outro momento que Cristo deseja que façamos a experiência do seu amor. Dia onde o coração aberto do Senhor chama a si todos os pecadores, sem distinção, e envolve todos aqueles que se abrem ao seu plano de salvação.
Precisamos mudar o nosso olhar em relação a Paixão do Senhor, é fato que existe dor e sofrimento, na cruz de Cristo não existia beleza para atrair os nossos olhares (Isaias 53,2), mas temos de enxergar algo além. As chagas de Jesus gritam o quanto Ele nos ama- Santo Afonso de Ligório, e este é o mistério que somos chamados a tocar neste dia dedicado a misericórdia.
A misericórdia foi o caminho que Deus utilizou para vir até nós, e é o que devemos usar para irmos até Ele. Façamos como Dimas, o ladrão crucificado ao lado do Senhor, e tenhamos coragem, mesmo em meio as condenações por nossos pecado, gritar para que Jesus lembre-se de nós, busquemos este refúgio e abrigo.
Não importa aquilo que estejamos vivendo, qual pecado estamos cometendo, quando dispostos e abertos, podemos ser envolvidos pela misericórdia. Todos os homens, por piores que sejam, são chamados a fazer uma experiência com Deus e à partir de então terem as suas vidas transformadas e refeitas pelo Senhor. A misericórdia não é para os perfeitos, mas para os pecadores. Quanto maior o pecado, maior a misericórdia.
É um dia onde aprendemos a amar ainda mais o Senhor. Santa Teresinha do Menino Jesus em História de uma Alma, diz que nenhuma alma é capaz de amar a Deus mais do que aquelas que foram profundamente perdoadas, pois elas fazem maiores experiências da sua misericórdia. A santa indaga: Gostaria de dizer que não, mas não posso desdizer essa verdade.
Experimentar a misericórdia é um dos maiores presentes que Deus pode nos proporcionar, elevando assim nossas almas a possibilidade de alcançar grandes graus de santidade. Tocar a misericórdia é tocar o próprio Deus. Deus este que é atemporal, imutável e não pode desdizer-se. A misericórdia jamais acabará.
Não tenhamos medo de nos aproximar do Senhor, Ele espera que nos lancemos confiantes em sua misericórdia, que adentremos o seu coração aberto por amor a nós, não somente este dia, mas em todos os outros. Deixemo-nos ser banhados pelo Sangue e pela Água que brotam do coração de Jesus, fonte e ápice do seu Amor Incondicional.
Jean Alex Firmino Pinhata
Discípulo CCPD