“Disse-lhes Jesus: ‘Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos Céus é para aqueles que se lhes assemelham’.” São Mateus 19,14
Em seu evangelho Jesus nos faz o convite de nos assemelharmos a pureza e inocência de uma criança para chegarmos ao Reino dos Céus. No ano de 1873 nasce Santa Teresinha do Menino Jesus que vive intensamente em seu coração, desejos e ações, este pedido tão simples e belo de Jesus. Teresinha que é filha de São Luís Martin e Santa Zélia Guérin e irmã de Marie, Pauline, Léonie e Céline Martin, tem sua infância marcada por profundos momentos reflexivos que à levaram já desde muito cedo a nutrir um intenso amor por Deus.
“Jesus quero amá-lo, amá-lo como nunca foi amado” (Sta. Teresinha)
Esse era o desejo de Santa Teresinha, amar a Jesus como ele nunca foi amado, com todas as suas forças, sem deixar com que nada se perca, mas ela sabia que não seria uma tarefa fácil, vivia no século XIX na era do jansenismo que pregava grandes austeridades, rigor exacerbado nos preceitos e que ainda influenciava muito a França, seu país de origem. Teresinha se via muito pequenina para fazer atos tão grandiosos, por isso escolhe o caminho da Pequena Via, a Santa dizia: “Para mim acho que a perfeição é fácil de se praticar, porque compreendi que basta pegar Jesus pelo coração…”
Sua “pequena” grande atitude foi quando, ainda em sua adolescência, sendo ainda muito jovem e por vezes infantil, sentiu o chamado de Deus para entregar-se totalmente a Ele, a jovem cheia de vigor aos seus 15 anos deu seu TUDO a Deus entrando no Carmelo, enfrentando com toda sua humildade, pequenez e desejo de santidade falas e olhares de muitos que se opunham, inclusive de seu próprio tio, o qual tinha muito apreço. Ela sabia que quando adentrasse ao Carmelo, vontade de Deus para ela, encontraria o seu amado e só assim seria plenamente feliz, entregou-se aceitando as humilhações e alegrias próprias do chamado.
Sua Pequena Via consiste em TUDO amar a Jesus, fazendo-se como um brinquedinho nas mãos do menino Jesus (sei que essa expressão pode talvez nos gerar uma estranheza, mas nesta simples alusão espiritual, que para ela soou como um convite do próprio Jesus, prova que em sua espiritualidade, antes de ser algo meramente infantil, é sim uma prova de uma grande maturidade). “Tinha-lhe dito para não me usar como brinquedo caro que as crianças só podem olhar sem ousar tocar, mas como uma bola sem valor que podia jogar no chão, dar pontapés, furar, largar num cantinho ou apertar contra seu coração conforme achasse melhor; numa palavra, queria divertir o Menino Jesus, agradar-lhe, queria entregar-me a suas manhas de criança… Ele aceitou minha oferta…” (Manuscrito A).
A Santinha dizia que como todo brinquedo de criança foi ‘furada’ para ver o que tem dentro e depois disso o menino deixou cair e adormeceu. O sono do menino Jesus, ou como São João da Cruz dizia, a Noite escura, pode nos trazer profundos sentimentos de solidão, abandono, desânimo ou até mesmo um sentimento de que Deus nos esqueceu, mas Santa Teresinha nos traz um olhar de que ainda nesses momentos onde a bolinha está “furada” para ver o que tem dentro, é também um ato de que Jesus nos ama e nos deseja! Esses momentos podem haurir em nós uma esperança vívida de que pela manhã, logo o encontraremos novamente, ela nos mostra que, assim como uma criança confia inteiramente em seu pai, nós devemos confiar inteiramente no Pai do céu.
Num carisma de Amor Incondicional não poderia faltar aquela que é a Doutora na ciência do amor, que soube amar mesmo nas próprias misérias e nas dos outros, mesmo que o outro não mudasse mas amou apenas para agradar ao Bom Deus, dizia ainda: “Nada é pequeno se feito com amor!”
Neste mês comemoramos também o aniversário de ordenação diaconal do nosso Fundador e Moderador geral, Diác. Luiz. Sua ordenação foi motivo de grande graça para toda a Comunidade Passio Domini, reconhecemos como um presente de Deus para o nosso carisma, vimos através desse acontecimento que Santa Teresinha havia também escolhido interceder pela Obra. Ela contribui de maneira singular com a mística da infância espiritual, nos mostrando que Deus está nos pequenos detalhes, no simples e belo e que Deus não despreza ninguém, nem que seja o pior pecador desse mundo, nos tornando missionários pelo simples ato de amar!
“Sou apenas uma criança, impotente e fraca, mas é minha própria fraqueza que me dá a audácia para me oferecer como Vítima ao teu Amor, ó Jesus!”
(Santa Teresinha do Menino Jesus | HISTÓRIA DE UMA ALMA)
Mayara Cruz
Discípula II