Palavra do Fundador
TODOS SÃO CHAMADOS A SER SANTOS
“Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro. Por isso, estão diante do trono de Deus e o servem, dia e noite, no seu templo. Aquele que está sentado no trono os abrigará em sua tenda. Já não terão fome, nem sede, nem o sol ou calor algum os abrasará, porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os levará às fontes das águas vivas; e Deus enxugará toda lágrima de seus olhos”.
(Apocalipse 7, 14-16)
Se existe algo que todo coração humano deseja, mesmo sem saber, esse algo nós podemos chamar de santidade. Muitos diriam que é a felicidade, outros ainda que é a realização plena dos seus sonhos, outros ainda que seria a posse de inúmeras riquezas. Como afirma o Catecismo da Igreja no § 27:
O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem para Si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso: «A razão mais sublime da dignidade humana consiste na sua vocação à comunhão com Deus. Desde o começo da sua existência, o homem é convidado a dialogar com Deus: pois se existe, é só porque, criado por Deus por amor, é por Ele, e por amor, constantemente conservado: nem pode viver plenamente segundo a verdade, se não reconhecer livremente esse amor e não se entregar ao seu Criador»(1).
O que é o desejo de Deus senão a concretização de tudo que é percebido como desejado, sonhado e procurado pela Humanidade e que só irá se concretizar no encontro com Deus. E se, ao mesmo tempo, pensarmos que Deus é Santo (Levítico 11,44; Isaías 6,3) e almeja que todos sejam santos como Ele o é: “A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações (I Pedro 1, 15)”.
É preciso desmistificar a ideia de santidade, muitas vezes conceituada como distante, inalcançável, própria para os religiosos ou sacerdotes. A santidade acontece na vida real, no concreto da vida, no cotidiano, nas famílias, na laicidade, para todos, todos.
Ao mesmo tempo, é preciso pensar os processos da configuração para a santidade. Vai-se configurando no caminho do batizado, nos processos de luta interior e exterior, no autoconhecimento, na conscientização dos vícios e formação dos valores que produzem virtudes. A santidade está no processo, na luta, nas conquistas do cotidiano, na obediência a divina vontade, no cotidiano, na pobreza evangélica, no cotidiano e na castidade vivida enquanto pureza do coração e intenções.
Temos inúmeros exemplos de santidade vivida no cotidiano e testemunhada pelos santos, como é o exemplo de Santa Teresinha do Menino Jesus, que viveu a santidade nas pequenas coisas vividas no interior do Carmelo, na vida comunitária, na oferta diária, na morte para si em vista de viver para os outros, no amar. O movimento do amor nos aloca no nosso lugar, nosso verdadeiro lugar. Isso mesmo a santidade consiste em amar, a Deus, a si e a ao outro. Ser santo é amar.
Diácono Luizinho
Fundador da Comunidade Passio Domini