Palavra do Fundador

“ATÉ MESMO A JUSTIÇA DE DEUS É ENVOLTA DE MISERICÓRDIA”
Experimentamos nesse mês de abril o mês da misericórdia divina. O amor de cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo é sinal contundente que nos ensina a prática da infinita misericórdia, é o grito misericordioso de Deus, e Jesus expressa essa misericórdia do Pai, esse amor, no alto do madeiro da Cruz, um amor pela humanidade e para a humanidade, em vista da salvação das almas.
O senhor Jesus já havia ensinado que da nossa parte devemos também amar, sendo misericordiosos, aos nossos irmãos, até mesmo os nossos inimigos.
Pelo contrário, amai os vossos inimigos, fazei bem e emprestai, sem daí esperar nada. E grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, porque ele é bom para com os ingratos e maus. Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; dai, e vos será dado. Será colocada em vosso regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também” (Lucas 6,35-38).
Na medida de Deus está a justiça divina, e essa justiça está revestida da misericórdia divina, é a própria misericórdia. Como assim?
Isso mesmo, a justiça divina, a medida de Deus, está envolta da misericórdia, pois quando Deus nos julga Ele não se fragmenta, ao contrário, é Ele inteiro que o faz na totalidade de quem é. Assim, Deus leva em consideração as nossas imperfeições, incapacidade, mas também nossas potencialidades, a capacidade de superar. Essa atitude divina não avaliza uma estagnação de nossa parte, uma prostração paralisante que indica que devemos, na passividade, esperar que Deus nos perdoe de tudo sem esforço de nossa parte, ou até mesmo um pseudo acolhimento divino sem implicações na mudança de vida. Todos os pecadores que se aproximaram do Senhor foram acolhidos por Ele, indistintamente, contudo, nenhum retornou sem ter a vida transformada, sem uma verdadeira conversão. Isso nas faz entender que a experiência com Deus é sinônimo de transformação de vida.
Qual justiça devemos exercer? Qual misericórdia devemos viver? A misericórdia/justiça consigo, com os outros e até mesmo com Deus. Devemos nos embeber da misericórdia, nutrir pensamentos de misericórdia, atitudes de misericórdia, vivências comunitárias de misericórdia, pois, afinal, somos todos imperfeitos, falhos, lentos em responder aos apelos de Deus feitos aos nossos corações.
Essa é a medida a ser cultivada como resultado do “sede misericordiosos” ensinado por Jesus, precisamos ser modelados aos moldes da misericórdia divina, aos moldes do Amor de Cruz, do Amor Incondicional, precisamos viver a misericórdia conosco, com as duras realidades do nosso cotidiano, com os nossos enfrentamentos, com as nossas quedas, ou ainda, com as nossas frustações e decepções, sem acomodações, mas, acima de tudo, com o propósito transformador ensinado e ordenado por Jesus: Ide em paz e não volte a pecar (Cf. João 8,11).
Precisamos ser misericordiosos com os outros, com todas as suas imperfeições, porque ao olhar a miséria alheia necessitamos recordar nossa própria miséria, nosso irmão precisa ser nivelado por cima, por suas virtudes e qualidades, por suas potencialidades, essa é a riqueza a ser procurada nele. Quanto as suas imperfeições e fraquezas? Essas devem ser exortadas por quem de direito, corrigidas e forjadas na verdade por quem lhe compete, pois não negligenciamos o erro e o pecado, mas tudo tem o seu lugar, o seu momento, o tempo de Deus: “Não aceite nada como verdade se não houver caridade e nenhuma caridade se não houver verdade (Santa Teresa Benedita da Cruz)” .
Na verdade está o amor e no amor está a verdade, essa é a melhor expressão para nos clarificar o entendimento sobre a justiça e a misericórdia, enquanto realidades simbióticas, do ser de Deus, por isso também para com Deus, que é fonte de misericórdia e justiça, devemos ter atos de misericórdia, talvez isso lhe pareça estranho, mas quantas vezes nos deparamos questionando a Deus, por uma perda de um ente querido, pela dor da saudade, pelo sofrimento vivenciado, pela enfermidade que nos visita, não compreendemos os desígnios de Deus, sua permissão, e muitas vezes somos impiedoso com o Senhor, também para com Deus devemos viver em misericórdia, pois o sede misericordioso implica justamente nisso em sentir com o coração do outro, nesse caso sentir com o coração de Deus.
Que o Senhor nos auxilie nesse tempo pascal a vivermos em misericórdia, de tal maneira que nossa vida se converta no verdadeiro amor.

Diácono Luizinho

Fundador da Comunidade Passio Domini